O presente artigo objetiva abordar a obra e vida de Karl May, um dos mais bem-sucedidos escritores de língua alemã, sob o aspecto da encenação. Mostra como May mistura lembranças da infância e elementos literários, o desejado e o factual para uma memória encenada, que fornece um sentido mais profundo tanto para sua biografia como para sua obra. Assim, May se recria como homem ideal que consegue em seus romances superar seus problemas com a realidade, um "eu" multifacetado representado por suas diversas personagens literárias e suas aventuras, reclamadas por May como experiências próprias. Se os entrecruzamentos da identidade ficcional e pessoal criados por Karl May marcam a primeira fase de sua produção e se formamem volta do motivo do aprisionamento e da libertação, sua obra tardia se abstém de tais elementos e se dirige a uma reflexão quase filosófica sobre a humanidade e a paz.v This article aims to reassess the work and life of Karl May, one of the most successful German-language writers, from the aspect of staging. It shows how May mixes memories of childhood and literary elements, the desired and the factual, for a staged memory that would provide a deeper meaning for both his biography and his work. Thus, May recreated himself as an ideal man who, in his novels, can overcome his problems with reality, a multifaceted "I" represented by his various literary characters and his adventures, claimed by May as his own experiences. If the intersections of fictional and personal identity created by Karl May mark the first phase of his production and its narrative is structured around the motives of imprisonment and liberation, his late work abstracts from such elements and is directed toward a quasi-philosophical reflection on humanity and peace
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